Senador fechou acordo de delação premiada com Ministério Público. No dia 4, sobre o mesmo assunto, Aécio criticou 'suspeições absurdas'
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) afirmou em acordo de delação premiada que o atual senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi beneficiário de um "grande esquema de corrupção" na estatal Furnas.
Esse esquema, segundo Delcício, era operacionalizado por Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, e que teria “vínculo muito forte” com Aécio.
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"Questionado ao depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente diz se que nao sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos e um dos beneficiarios dos valores ilicitos sem duvida foi Aécio Neves, assim como também o PP, através de José Janene; que também o proprio PT recebeu valores.[...]"Trecho da delação premiada.
Preso pela Polícia Federal suspeito de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, Delcídio está em recolhimento domiciliar por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O senador fechou acordo de delação, e o conteúdo foi homologado nesta terça-feira (15) pelo ministro do STF Teori Zavascki.
Em outro trecho da delação, o senador Delcídio afirmou que, durante uma viagem com Lula em 2005, o ex-presidente perguntou quem era Toledo, e Delcídio, então, o apresentou como “um companheiro do setor elétrico, muito competente”.
Lula, então, teria dito, segundo Delcídio, que, ao assumir, José Janene pediu a ele que Toledo permanecesse no cargo, assim como Aécio e o PT.
“Pelo jeito, ele [Dimas] está roubando muito!", teria dito Lula a Delcídio, segundo o senador afirmou em sua delação premiada. Delcídio acrescentou que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu também havia pedido a Lula que Dimas Toledo ficasse no cargo.
Banco Rural
No acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal, Delcídio do Amaral afirmou que os dados fornecidos pelo extinto Banco Rural à CPI dos Correios atingiriam o senador Aécio Neves “em cheio” se não tivessem sido“maquiados” pela instituição financeira.
Ainda segundo Delcídio, Aécio enviou emissários à CPI para que o prazo de entrega das quebras de sigilo fosse “delongado”, sob a justificativa de que não haveria tempo hábil para preparar as respostas à comissão.
Conforme Delcídio do Amaral, essa “maquiagem” dos dados teria consistido emapagar informações “comprometedoras” que envolviam Aécio Neves.
Na delação, Delcídio citou também ter ouvido do ex-deputado José Janene (falecido em 2010) que Aécio era beneficiário de uma fundação sediada em Liechtenstein da qual ele seria “dono ou controlador de fato”.
O senador, contudo, não soube precisar qual relação essa fundação teria com a “maquiagem” dos dados do Banco Rural.